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sexta-feira, 26 de abril de 2019

A MENTIRA DE SEMPRE ( A Voz Do Trabalhador Octave Mirbeau)

     Uma única coisa me causa assombro extraordinariamente, é que no momento científico em que escrevo possa existir ainda só um eleitor, esse  animal irracional, inorgânico, alucinado, que consente em abandonar os seus afazeres, seus gozos para ir votar em alguém ou em alguma coisa.

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     Os carneiros quando vão para o matadouro nada dizem, nada esperam, mas ao menos não votam no carniceiro que os deve matar, nem no burguês que os há de comer.

Octave Mirbeau

Extraído:
Jornal: A Voz Do Trabalhador
Órgão da Confederação Operária Brasileira
Data: 01 de junho de 1909
Página 4
Redação e administração: Rua do Hospício N.144, Sobrado — Rio de Janeiro
Ano 1 – N. 12

Amor Livre (A Voz Do Trabalhador 01/02/1915)

     Amor livre, não é, como alguns pretendem e outros julgam, as relações sexuais havidas de momento em praça pública, ou num andar registrado sob um número de polícia.
     Amor livre não é a necessidade de satisfazer um desejo natural, cumprindo uma exigência simplesmente fisiológica, aproveitando-se de uma oportunidade que o acaso dispõe no meio falso em que a sociedade vive.
     Amor livre não é uma união vulgar que por ae faz, quando da parte do homem existe o preconceito de nem dar o seu nome á companheira, porque entende que não é digna dele.
     Amor livre é o mais belo sentimentos l de assimilação da vontade do pensamento que se reúne em dois indivíduos de sexo diferentes. E' um todo formado pelo homem e pela mulher que se complementam, que buscam a vida em comum, sem dependências de códigos ou leis que determinem as suas funções, juntando-os por simples convenção social.
     Vivem juntos porque se querem, se estimam no mais puro, belo e desinteressado sentimento de amor; vivem juntos porque é essa a sua vontade, e não estão ligados por determinação alheia nem por interesses que a um digam respeito.
     Tão pouco se estremecem pelo único desejo de cópula, que é naturalmente uma conseqüência de aproximação e da afinidade de sentimentos.
     Quando existem incompatibilidades, quando por qualquer do outro, nada os força a viverem juntos, e não buscam leis de separação porque as não tiveram de junção.
     Amor livre é o mais vivo testemunho da sinceridade do amor que existe entre o homem e a mulher; no amor livre cessa em absoluto qualquer desconfiança que na atualidade existe, muitas vezes, entre casais.
     A dúvida, a desconfiança, a incerteza nunca poderão existir no amor livre porque o homem e a mulher não necessitam de recorrer, como agora, á dissimulação, á mentira, ao engano para encobrir muitas vezes no mais íntimo do seu ser, qualquer novo sentimento afetuoso que alguém possa ter merecido!
     Amor livre é a plena liberdade de amar e não a forma hipócrita de casamento em que o homem e a mulher ligados indissoluvelmente pelo casamento civil ou religioso são obrigados pelo preconceito a suportarem-se com enjôo, beijando-se em público com fel nos lábios e a mentira no coração, e ferindo- se por todas as formas e feitios na alcova conjugal.
     E ponha  nisto os olhos as mulheres que aceitam o poder despótico dos pais que as submetem pelo casamento este ou aquele de seu agrado, ou as que se entregam ao poder de um marido, que, conforme a lei o declara, será o seu dono e o seu tirano, embora seja muitas vezes um amigo sincero e até delicado.

Antonio C. Altavila

Extraído:
Jornal: A Voz do Trabalhador
Ano: VIII
Data: Rio De Janeiro — BRAZIL — 1 DE FEVEREIRO DE 1915 N.67
página: 2

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

PORQUE ODEIO ESTA SOCIEDADE

     A sociedade em que vivemos é muito interesseira: tudo se faz pelo maldito dinheiro e pela ambição  de ser mais rico do que o outro, de mandar mais do que o outro, de se julgar mais do que o outro, de ser mais  poderoso do que o outro; enfim: tudo pela ambição  do vil metal.
     Um homem manda trabalhar  outro homem; pelo dinheiro manda  matar outro, pelo dinheiro dois homens acusados  de se matarem mutuamente, pelo dinheiro um irmão  assassina outro irmão,  pelo dinheiro um pai mata o filho,  pelo dinheiro um filho assassina o seu pai, pelo dinheiro dois povos se lança em guerra e se trucidar mutuamente pelo mando de dois homens, como está  acontecendo agora com os marroquinos   e espanhóis. E isto sempre  aconteceu em todos os tempos é lugares: os homens  se trucidam só  pela ambição do maldito dinheiro.
     Esta sociedade não pode existir muito  tempo assim porque está cimentada  sobre o crime; uma mulher  vende o seu proprio filho  por dinheiro,  mata seu proprio marido pelo dinheiro, uma mulher  se prostitue pelo dinheiro. Que horror! Quanto crime se prática  nessa sociedade. E tudo pela ambição  do  maldito dinheiro. Que planeta tão raquítico! Que seres ruins produziu!
     Eu odeio essa sociedade porque  a sociedade  me odeia porque  sou anarquista, anti-religioso, anti-militarista, anti-patriota, anti-alcoolista, anti-monetarista, anti-tabaquista, anti-protitutista, anti-politico; enfim,  por ser contra  uma sociedade  infame, hipócrita e falsa.
     E' por isso que o homem que sustenta está  ideia bela e sã que se chama Anarquia está desprezado  por toda a parte, até  pela própria família, no lar paterno, como se fosse um cão leproso... A mim pouco  importa: a minha é  a natural - a Humanidade.

Francisco D. Lozano.
15-9-1909

Extraído
Jornal: A voz do trabalhador
Orgam  da Confederação Operária Brasileira
Ano II - N. 20 redação e administração: Rua do Hospício Ñ. 166, sobrado - Rio de Janeiro
15 de novembro  de 1909

A POLITICA (Santos Barboza)

     A política  ê  a enarnação viva da trampolinice social. Faz-se político todo homem de sentimentos  mesquinhos, despido por completo de toda a dignidade, dos mais rudimentares princípios de humanidade.
     A política  é  uma banca de jogo, onde, saboreando  os frutos colhidos no pomar da ingenuidade popular, os parceiros desfrutam, subvencionados pela burguezia,  o produto do trabalho do suor alheio, por essa mesma burguezia, escandalosamente roubado às classes  trabalhadoras, que  ainda se deixam sujestionar pelas palavras dos heróis dos cem ou cinquenta mil réis por dia, ou a eles pretendentes.
     Por muito  honesto, sincero, digno, que seja o indivíduo transformar-se-á num homem sem escrúpulos, logo que se faça se faça... políticos confesso.

Santos Barboza

Extraído:
Jornal: A voz do trabalhador
Orgam da Confederação Operária Brazileira
Ano: VI
Data: Rio De Janeiro - Brazil - 1 de Setembro de 1913   N. 38

sábado, 5 de janeiro de 2019

Lamentos de uma Burgueza

     Sou uma filha do povo, da classe baixa, sem instrução, mas estes não são motivos para que eu more na mesma casa da busguesia. Entrei como criada e antes dum  mes soube que a burguesa, com todos os seus brilhantes não tinha o que eu tenho, um campanheiro. Se queres saber o que ela tinha, leitor, continua lendo e depois veras se tem razão... Atenção, a burgueza fala, chora e maldiz.
     - Oh! Malditas sejam estas noites de verão em que  acho-me só para aspirar o perfume das flores, ouvir o murmurio das brizas noeturnas das folhagem, semelhantes ao estremecimento de beijos amorosos. Oh! na minha solidão temo o enervante calor das noite de verão: penetra em mim e circula vãmente pelas minhas veias! Tenho 28 anos, o tempo da velhice aproxima-se e nunca tive um só dia de amor e de liberdade. Amor! Liberdade! Hei de viver sem conhecer-vos? Malditos sejam os maridos violentos e libertinos, porque perdem suas mulheres! Amada, respeitada e considerada por meu marido, eu seria casta e boa, mas desdenhada e humilhada tornei-me irascível e vingativa. Não! não! Já resisti bastante ás ancias que me devoram.
     Fugirei desta casa, não sou dona de mim mesma e se meu marido obrigar-me a permanicer ao seu lado é é para gozar dos meus bens! Sim, fugirei desta desta casa, embora tenha que trabalhar. Patrão por patrão, que perderei? Isto é viver? arrastar os meus dias nesta opulenta casa, tumba dourada, cercada de arvores e de flores. Isto é viver? Não! não! Quero viver! quero sair deste sepulcro frio, quero ar, sol, espaço, quero o meu dia de amor e liberdade. Oh! se tornasse a ver aquele jovem que ás vezes passou a madrugada, por baixo deste terraço, onde venho respirardepois das minhas noites de insonia, a frescura matutina, Que belo rosto e que simpatico. Deve ser algum operario. Operario! E que imperta! As amantes do meu marido, muitas também são operarias. Oh! e não hei de ter nunca, por minha vez, um dia de amor e de liberdade?!...

Rosario Cevidani.

Extraido:
Jornal: A Voz do Trabalhador
ANNO I. N.7   Redação e Administração: Rua do Hospicio N. 144, Sobrado - Rio de Janeiro
Data: 6 de dezembro de 1908
Orgam semanal da Confederação Operaria Brazileira
Pagina 3

Extraído
Arquivos: A voz do Trabalhador
Orgam da confederação Operaria Brazileira
Coleção fasc-similar 1908 . 1915
Arquivos Edgard Leuenroth. Unicamp
Imprensa oficial do estado \ Secretaria de Estado da Cultura\ Centro de Memória Sindical
São Paulo - 1985

domingo, 13 de maio de 2018

A Monarquia Constitucional. (QUARTO ESTUDO III) PROUDHON

Antes de 89, o governo estava na França, o que ainda é na Áustria, na Prússia, na Rússia e em vários outros países da Europa, um poder sem controle, cercado por algumas instituições com força de lei. Foi, como disse Montesquieu, uma monarquia temperada . Este governo desapareceu com os direitos feudais e eclesiásticos que foi mal concebido, mas muito conscienciosamente, para defender; ele foi substituído, após fortes tremores e inúmeras oscilações, pelo chamado governo representativo ou monarquia constitucional . Dizer que a liberdade e o bem-estar das pessoas ganharam algo com isso, além da eliminação de direitosas terras feudais que foram abolidas, e da venda da propriedade nacional que foi tomada, seria avançar bastante; o que deve ser admitido, porém, e o que é certo, é que esse novo recuo do princípio governamental fez avançar toda a negação revolucionária. Essa é a verdadeira razão, decisivo, que nos torna, nós que acreditam que a lei, o melhor monarquia constitucional à monarquia, assim como a democracia representativa ou o sistema de sufrágio universal parece preferível constitucionalismo, e Governo direto preferível à representação.
Mas já podemos prever que, no final deste último mandato, o governo direto, a confusão estará no auge e que apenas uma ou outra dessas duas coisas permanecerá para ser feita: ou proceder à abolição.
Aceite nossas críticas.
A soberania, dizem os Constitucionais, está no povo. O governo emana dele. Que a nação, em sua parte mais esclarecida, seja convocada a eleger seus cidadãos mais notáveis ​​por sua fortuna, sua inteligência, seus talentos e suas virtudes, os mais diretamente interessados ​​na justiça das leis, a boa administração do povo. Estado, e os mais capazes de contribuir para isso. Que esses homens, reunidos periodicamente, consultados regularmente, participem dos conselhos do príncipe, participem do exercício de sua autoridade: teremos feito tudo o que podemos esperar da imperfeição de nossa natureza para a liberdade e a liberdade. o bem-estar dos homens. Então o governo estará seguro, sempre em comunhão com o povo.
É certo que estas são grandes palavras, mas que atestam um engano enganoso, se desde 89, e obrigado especialmente para Rousseau, não havíamos aprendido a acreditar na boa fé de todos aqueles que se misturam com os assuntos públicos.
Antes de tudo, é preciso apreciar o sistema constitucional, interpretando o novo dogma, a soberania do povo. Em outra ocasião, procuraremos o que essa soberania é em si mesma.
Até a Reforma, o governo havia sido considerado por direito divino: Omnis potestas em Deo . Depois de Lutero, as pessoas começaram a vê-lo como uma instituição humana: Rousseau, que foi um dos primeiros a aproveitar esse dado, deduziu sua teoria. O governo veio de cima: trouxe-o de baixo pela mecânica do sufrágio, mais ou menos universal. Ele tomou o cuidado de não entender que, se o Governo tinha-se tornado, em seu tempo, perecível e frágil, foi precisamente porque o princípio da autoridade, aplicada a uma nação é errado e injusto; que, conseqüentemente, não foi a forma de poder ou sua origem que teve que ser mudada, foi sua própria aplicação que teve que ser negada.
Rousseau não viu essa autoridade, cuja sede é na família, é um princípio místico, anterior e superior à vontade das pessoas que interessa, o pai e a mãe, assim como a criança; que o que é verdade sobre autoridade na família seria verdadeiro para a autoridade na Sociedade, se a Sociedade contivesse em si o princípio e a razão de alguma autoridade; que, uma vez aceita a hipótese de uma autoridade social, ela não pode, em qualquer caso, depender de uma convenção; que é contraditório que aqueles que devem obedecer à autoridade comecem a decretá-lo; que o Governo, portanto, se deve existir, existe pela necessidade decoisas; que é, como na família, da ordem natural ou divina, que para nós é a mesma coisa; que ele não pode servir para ninguém discutir e julgá-lo; Assim, longe de ser capaz de passar por um representantes de controle, a eleições populares de jurisdição é só ele pertence a conservar, desenvolver, renovar, continue, etc., como um modo inviolável que ninguém tem o direito de tocar, e que deixa aos subordinados apenas a humilde faculdade de produzir, iluminar a religião do príncipe, opiniões, informações e queixas.
Não existem dois tipos de governos, pois não existem dois tipos de religiões. O governo é por direito divino ou não é; assim como a religião é o paraíso ou nada. O governo democrático e a religião natural são duas contradições, a menos que se prefira ver duas mistificações. As pessoas não têm mais voz consultiva no estado do que na Igreja: seu papel é obedecer e crer.
Também, como os princípios não podem falhar, que os únicos homens têm o privilégio da inconsistência, o Governo, tanto em Rousseau como na Constituição de 91 e todos aqueles que se seguiram, é sempre, apesar de processo eleitoral, que um governo por direito divino; uma autoridade mística e sobrenatural que se impõe à liberdade e à consciência, enquanto parece exigir sua adesão.
Siga esta série:
Na família, onde a autoridade é íntima no coração do homem, o governo se coloca por geração;
De maneiras selvagens e bárbaras, ele surge pelo patriarcado, que se enquadra na categoria anterior, ou pela força;
De maneira sacerdotal, ele se postula pela fé;
De maneiras aristocráticas, surge por primogenitura ou casta;
No sistema de Rousseau, que se tornou nosso, surge pelo destino ou pelo número .
Geração, força, fé, primogenitura, destino, número, todas as coisas igualmente ininteligíveis e impenetráveis, sobre as quais não há motivo para raciocinar, mas para apresentar: tais são, não direi os princípios A autoridade como liberdade se reconhece como um princípio, mas os diferentes modos pelos quais a investidura de poder ocorre nas sociedades humanas. Para um princípio primitivo, superior, indiscutível, o instinto popular sempre buscou uma expressão igualmente primitiva, superior, anterior e indiscutível. No que diz respeito à produção de poder, força, fé, hereditariedade ou número, são a forma variável dessa provação; eles são juízos de Deus.
É então que esse número oferece à sua mente algo mais racional, mais autêntico, mais moral do que fé ou força? O voto parece mais seguro que a tradição ou a hereditariedade? Rousseau declama contra o direito do mais forte, como se a força, em vez do número, constituísse a usurpação. Mas o que é o número? o que ele prova? o que vale a pena? qual a relação entre a opinião, mais ou menos unânime e sincera, dos eleitores, e aquela coisa que domina toda opinião, todo voto, a verdade, o certo?
O que! é tudo o que é mais querido para mimda minha liberdade, do meu trabalho, da subsistência da minha esposa e dos meus filhos e, quando tenciono enviar artigos consigo, envia tudo para um congresso, formado de acordo com o capricho do destino! Quando me apresento a contrato, você me diz que é necessário eleger árbitros que, sem me conhecer, sem me ouvir, pronunciarão minha absolvição ou minha condenação! Que relação, eu te peço, entre este congresso e eu? que garantia ele pode me oferecer? Por que eu deveria fazer este sacrifício enorme e irreparável à sua autoridade para aceitar o que ele tem o prazer de resolver, como a expressão da minha vontade, a justa medida dos meus direitos? E quando este congresso, depois dos debates não ouço nada, vem impor minha decisão como lei, estender esta lei para mim com a ponta de uma baioneta, pergunto, se é verdade que faço parte do soberano, o que é da minha dignidade? se eu tiver que me considerar estipulando, onde está o contrato?
Os deputados, diz-se, serão os homens mais capazes, os mais probantes, os mais independentes do país; escolhido como tal por uma elite de cidadãos mais interessados ​​na ordem, na liberdade, no bem-estar dos trabalhadores e no progresso. Iniciativa sabiamente concebida, que responde à bondade dos candidatos!
Mas por que, então, os respeitáveis ​​membros da classe média da classe média se entenderiam melhor do que eu sobre meus verdadeiros interesses? Este é o meu trabalho, observe, da troca do meu trabalho, a coisa que, depois do amor, sofre a menor autoridade, como diz o poeta:
Nenhuma bene conveniunt nec em una sede morantur
Majestas e amor! ......

E você entregará meu trabalho, meu amor, por procuração, sem meu consentimento! Quem me diz que seus advogados não usarão seu privilégio para tornar o poder um instrumento de exploração? Quem me garante que seus pequenos números não os entregarão, pés, mãos e consciências relacionadas à corrupção? E se eles não se permitirem ser corrompidos, se eles não puderem fazer a razão ouvir a autoridade, o que me garante que a autoridade vai querer se submeter?
De 1815 a 1830, o país legal estava em guerra constante com a autoridade: a luta termina com uma revolução. De 1830 a 1848, a classe eleitoral, devidamente fortalecida após a desafortunada experiência da Restauração, foi exposta às seduções do Poder; a maioria já estava corrompida quando explodiu em 24 de fevereiro: a prevaricação termina novamente com uma revolução. O teste está feito: não vamos voltar. Agora, partidários do sistema representativo, vocês nos prestariam um serviço real, se vocês pudessem nos preservar de casamentos forçados, corrupções ministeriais e insurreições populares: A espiritu fornicationis, ab incursu e daemonio meridiano .

Livro: Idée Générale de la Révolution au XIX Siécle
Autor: P.-J ProudhonPaginas:139 Á 144Editora: C, MARPON ET E. FLAMMARION, EDITEU RS

As leis. (QUARTO ESTUDO II) Proudhon

Sob a impaciência do povo e a iminência da revolta, o governo teve que ceder; ele prometeu instituições e leis;Ele declarou que seu fervoroso desejo era que todos desfrutassem do fruto de seu trabalho à sombra de sua videira e figueira. Era uma necessidade de sua posição. Visto que, de fato, ele se apresentava como juiz de direito, árbitro soberano dos destinos, ele não podia fingir liderar os homens de acordo com seu bom prazer. Rei, Presidente, Diretório, Comitê, Assembléia Popular, não importa, regras de conduta são necessárias no poder: sem isso, como ele conseguirá estabelecer entre seus súditos uma disciplina? Como os cidadãos estarão em conformidade com a ordem, se a ordem não for notificada a eles? se, com pouca atenção, ele for demitido; se muda de um dia para outro e de hora em hora?
Assim o Governo terá que fazer leis, isto é, impor-se a si mesmo: porque tudo que é regra para o cidadão, se converte em limite para o príncipe. Isso fará com que o maior número de leis que atendam interesse: e desde que os interesses são inumeráveis, os relatórios emergentes um do outro ad infinitum multiplicam, que o antagonismo é infinita; a legislação terá que trabalhar implacavelmente. As leis, os decretos, os decretos, as ordenanças, os decretos cairão como granizo sobre os pobres. Depois de algum tempo, o terreno político será coberto com uma camada de papel, que os geólogos terão apenas que registrar, sob o nome de formação de papery,nas revoluções do globo. A Convenção, em três anos, um mês e quatro dias, proferiu onze mil e seiscentas leis e decretos; a Assembléia Constituinte e o Legislativodificilmente menos produzido; o Império e os governos posteriores trabalharam da mesma maneira. Atualmente, o Boletim de Leis contém, dizem, mais de cinquenta mil; se nossos representantes cumprissem seu dever, esse número enorme logo seria dobrado. Você acredita que as pessoas e o próprio governo mantêm sua razão neste labirinto?
Evidentemente, já estamos longe da instituição primitiva. O governo, diz-se, preenche o papel do pai na sociedade: e que pai já pensou em fazer um pacto com sua família? dar uma carta aos seus filhos? equilibrar os poderes entre ele e sua mãe? O chefe da família é inspirado em seu governo pelo coração; ele não aceita o bem de seus filhos, alimenta-os com seu próprio trabalho; guiado por seu amor, ele só aconselha a partir do interesse de seu povo e circunstâncias; sua lei é sua vontade e todos, a mãe e os filhos, confiam nela. O pequeno estado seria perdido se a ação paterna enfrentasse a menor oposição, se fosse limitada em suas prerrogativas, e determinasse antecipadamente seus efeitos. O que! seria verdade que o governo não é um pai para o povo,
Se assim fosse, não vejo por que me submeteria à lei. Quem me garante justiça, sinceridade? De onde ela vem? Quem fez isso? Rousseau ensinado em tantas palavras que em um governo verdadeiramente democrático e livre, o cidadão, obedecendo a lei só obedece a sua própria vontade. No entanto, a lei foi feita sem a minha participação, apesar da minha discordância absoluta, apesar dapreconceito que me faz sofrer. O estado não lida comigo; ele não troca nada: ele me resgata. Onde está o elo, o elo da consciência, o elo da razão, o elo da paixão ou do interesse, que me obriga?
Mas o que estou dizendo? leis para aqueles que pensam por si mesmos, e devem responder apenas por suas próprias ações! leis para quem quer ser livre, e se sente feito para se tornar um? Estou pronto para tratar, mas não quero leis; Eu não reconheço nenhum; Eu protesto contra qualquer ordem que satisfaça um poder de alegada necessidade de impor meu livre arbítrio. Leis! Nós sabemos o que são e o que valem. Teias de aranha para os poderosos e os ricos, correntes que nenhum aço pode quebrar para os pequenos e os pobres, redes de pesca nas mãos do governo.
Tu dizes que faremos pequenas leis, que as tornaremos simples, que elas serão boas . Ainda é uma concessão. O governo é muito culpado se admite seus erros! Provavelmente para a instrução da legislatura ea edificação do povo, ele vai queimar na frente do Palácio Legislativo este verso Latina tinha escrito na porta de sua cave um padre da Borgonha, como um aviso para seu zelo bacchanalian :

Pastor, ne noturno, bibe pauca, sed optima, vina!

Leis em pequenos números, excelentes leis! Mas é impossível. Se o governo não resolver todos os interesses, tente todas as disputas? Agora, os interesses são, pela natureza da sociedade, inúmeras, as variáveis ​​e as relações móveis até o infinito: como é possível que seja feito pouco?das leis? quão simples eles seriam? como poderia a melhor lei não ser detestável em breve?
Estamos falando de simplificação. Mas se pudermos simplificar em um ponto, podemos simplificar em tudo; em vez de um milhão de leis, apenas uma é suficiente. Qual será esta lei? Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você; fazer para os outros como você deseja que você sejaEssa é a lei e os profetas. Mas é óbvio que não é mais uma lei, é a fórmula elementar da justiça, a regra de todas as transações. A simplificação legislativa nos traz de volta à idéia de um contrato, como resultado da negação da autoridade. De fato, se a lei é única, se resolve todas as antinomias da sociedade, se é consentida e votada por todos, é adequada ao contrato social. Ao promulgá-lo, você proclama o fim do governo. Quem impede você de dar agora, esta simplificação? ...

Livro: Idée Générale de la Révolution au XIX Siécle
Autor: P.-J ProudhonPaginas:136 á 139Editora: C, MARPON ET E. FLAMMARION, EDITEU RS